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Sex, Abr

destaques
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É preciso manter o mundo ima-

ginário para o poema que vai e

quer ir a essências próximas do

absoluto.

Outra questão. A poesia não vem do eu. De onde?

Do doído e doido ID vem?

É possível estar consigo mesmo ou não?

Se uma pessoa está-se

é porque mais ninguém está presente, ou é poeta.

Só o poeta não sabe o que diz. Sabe o que diga.

Porque o poema independe de saber de si.

A expressão verbal poética é de e sobre algo

inalcançável por natureza e definição.

O inatingimento de algo é o poema.

Todo atingir algo é prosaico.

Uma linguagem em ato que só existe em

si é a poética.

Ela é anterior ao interior.

Introspecte-se e seja poeta, imirja-se no si do outro

não é tudo, nem parte.

Quando o dizer parecer impossível

é o começo do poema absoluto cético.

Daí, o poeta João da Cruz (de Noite

escura da alma) dizer: Deve-se dizer, mas não dizer.

Há dizer e não há dizer.

Dizer o indizível eis o rumo o objeto do

poema absoluto. Nem si, nem não. Talvez, talvez.

O fundamento Wittgenstein da poesia

absoluta localiza-se no final do primeiro

tratado absoluto de linguagem antípoda do

segundo Investigações filosóficas.

No fim do tractatus, ele fuzila.

Minhas proposições de luz linguísticas

implicam que aquele que me entender

as reconhecerá, como mais do que escuras

sem absoluto sentido. Ao atingir o

topo deverá tirar a escada que usou

para chegar a elas, essas luzes escuras

radiantes, depois de antes.

À linguagem do sentimento científico

oponha-se a do sentimento poético sem

sentido.

"O que se pode dizer, se pode dizer (diga ou

não) claramente; quando não se pode dizer,

deve-se calar". Wittgenstein, no último

parágrafo do sublime TRACTATUS.

 

Murilo Gun

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