É preciso manter o mundo ima-
ginário para o poema que vai e
quer ir a essências próximas do
absoluto.
Outra questão. A poesia não vem do eu. De onde?
Do doído e doido ID vem?
É possível estar consigo mesmo ou não?
Se uma pessoa está-se
é porque mais ninguém está presente, ou é poeta.
Só o poeta não sabe o que diz. Sabe o que diga.
Porque o poema independe de saber de si.
A expressão verbal poética é de e sobre algo
inalcançável por natureza e definição.
O inatingimento de algo é o poema.
Todo atingir algo é prosaico.
Uma linguagem em ato que só existe em
si é a poética.
Ela é anterior ao interior.
Introspecte-se e seja poeta, imirja-se no si do outro
não é tudo, nem parte.
Quando o dizer parecer impossível
é o começo do poema absoluto cético.
Daí, o poeta João da Cruz (de Noite
escura da alma) dizer: Deve-se dizer, mas não dizer.
Há dizer e não há dizer.
Dizer o indizível eis o rumo o objeto do
poema absoluto. Nem si, nem não. Talvez, talvez.
O fundamento Wittgenstein da poesia
absoluta localiza-se no final do primeiro
tratado absoluto de linguagem antípoda do
segundo Investigações filosóficas.
No fim do tractatus, ele fuzila.
Minhas proposições de luz linguísticas
implicam que aquele que me entender
as reconhecerá, como mais do que escuras
sem absoluto sentido. Ao atingir o
topo deverá tirar a escada que usou
para chegar a elas, essas luzes escuras
radiantes, depois de antes.
À linguagem do sentimento científico
oponha-se a do sentimento poético sem
sentido.
"O que se pode dizer, se pode dizer (diga ou
não) claramente; quando não se pode dizer,
deve-se calar". Wittgenstein, no último
parágrafo do sublime TRACTATUS.