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Qua, Abr

destaques
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O poema pode constituir, abranger, ser

uma mera e simples parcialidade

algo intranscendente que vele o real

(parcelar e bem medido talvez)

ou um total e completo caos (criador)

uma totalidade radical do real

(incluindo aí todo ou muito do irreal).

 

O poema parnasiano transposto para o século XXI

(esse absurdo e doente e malvado anacronismo santo)

pelo soneto descritivo, moralista, agradecido

ou mesmo meio mirabolante, suado, criado

não é literatura (hoje), é literalidade (não

literariedade). Descrever não é revelar.

É velar a essência, mascará-la

de ritmação externa, ábaca, rímica.

A descrição sonética de uma emoção pessoal

de uma situação “moral” ou comemorativa

(aniversário de mãe e essas coisas e tais)

é imbecilidade esplêndida, digo, exponencial.

Descrever (cantar d’amigo agora) equivale

a sonegar a essência que é imprecisa

pela precisão do poema (de exatidão aritmética).

Murilo Gun

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