Gemido de estrela, o big bang da terra,
ecoa sobre uma mesa
a mesa da solidão dos sem-terra.
Canto de que promane o tanka
e a abelha promane (da fonte do favo).
A verdade autônoma, o poema surdo
vindo do imo de poetas amordaçados pela rima.
Hélices e sais abissiniais, abcissas de abismo
fronteiras da incerteza, rumos do coração.
Dentição do instinto, predação do infinito.
Maxilar do empíreo dentando o esôfago dos vivos.
As cordas do olhar da manhã distendidas
do trapézio extênuo da noite adjetiva.
Asa de sede da macia luz do sol ácido
sede do verde alicia lua sem sílaba.
II
O clamor dos losangos cessou
rumor de geometria ecoa na parede
leste do dia, esse levita do tempo
dilúvios de piras se acantonam no ardor
e ladainhas de temor se amontoam
no puré da usura e na amora bancária.
Pressago grito ronda famélica horda
e rasga garganta dos supermercados.
Ouve-se na cinza do homem
o que parece ser uma lua dependurada
no teu último olhar.