O galope da pálpebra e um silêncio úmido
percorrendo o teto das casas do sono
cisnes perambulando na brancura
esgares derramando-se de gargantas em agonia nua
frio inóspito de alameda onde habitam sombras grita
ante áspero sal a rastejar do horizonte curdo.
Pássaros judiciais sobre relva rebelde tombam
sons despedaçando-se, cânticos em decúbito
e vozes nasais anunciando clarins mortos.
A legião angélica dispersa, demônios oblíquos
em debandada, espada decepadas, ávidas
asas virando cinzas, estampado o temor
em vermelho de martírio na testa de querubins vesgos
destroços do céu estrela cega, paraíso em polvorosa
Deus chorando, nimbo negro e plúmbeo
assoma às faces do firmamento ferido
pelas hostes epifânicas ensandecidas
e a dor funda de novo o mundo.