Ossuários verdes leve álgebra
de pássaros engendra.
Progresso: abreviatura de lodo e encanto.
Templo de ossos: gládios a cavar fossos.
Silenciosa montanha banha-se
dos óleos do sol poente.
É a luz indo-se do páramo
para o castelo do ocaso.
Lua dilacera entranha.
Vazo olho do horizonte.
Sino rói campanário.
Hálito de quimera, pêndulo metálico, paciente catraca: hora
peso do tempo ultrapassa sono da água
sono do tempo ultrapassa peso da álgebra
tempo sua nossa face gasta resto e lágrima
pedra junta limo à trama: destino do lodo
rola morre mata rói rumina medula arrasa rato boi: barro
oceano noturno e larga praia de margem náufraga areia crônica
anjo no leme da ampulheta ocidental e terrível títere melancólico
vertiginoso senhor (do) irremediável sem temor ou medida
impoluto implacável ácido a corroer crisântemo, corpo e espírito
do confim brota benjaminianjo que olha para o ocidente e mija
atemporal pirâmide de horas vazio cravado no peito do absoluto velado.
Horas às cátedras dia desova do ventre das pausas
milênios às dúzias tempo dispara do útero das coisas
às milhares horas depositam no rosto dos homens doses certeiras de injúrias
definitivas usuras cravam no coração dos objetos pecados.
Tempo é um texto de pássaro e sombra canora
que se refrata do espelho carnívoro da pânica mãe.
Tempo é áspero silêncio que corre rio lento
e sempre na veia de Heráclito sem demora.