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Qui, Abr

destaques
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Ossuários verdes leve álgebra

de pássaros engendra.

Progresso: abreviatura de lodo e encanto.

Templo de ossos: gládios a cavar fossos.

 

Silenciosa montanha banha-se

dos óleos do sol poente.

 

É a luz indo-se do páramo

para o castelo do ocaso.

 

Lua dilacera entranha.

 

Vazo olho do horizonte.

 

Sino rói campanário.

 

Hálito de quimera, pêndulo metálico, paciente catraca: hora

peso do tempo ultrapassa sono da água

sono do tempo ultrapassa peso da álgebra

 

tempo sua nossa face gasta resto e lágrima

pedra junta limo à trama: destino do lodo

rola morre mata rói rumina medula arrasa rato boi: barro

 

oceano noturno e larga praia de margem náufraga areia crônica

anjo no leme da ampulheta ocidental e terrível títere melancólico

vertiginoso senhor (do) irremediável sem temor ou medida

 

impoluto implacável ácido a corroer crisântemo, corpo e espírito

do confim brota benjaminianjo que olha para o ocidente e mija

atemporal pirâmide de horas vazio cravado no peito do absoluto velado.

 

Horas às cátedras dia desova do ventre das pausas

milênios às dúzias tempo dispara do útero das coisas

às milhares horas depositam no rosto dos homens doses certeiras de injúrias

definitivas usuras cravam no coração dos objetos pecados.

 

Tempo é um texto de pássaro e sombra canora

que se refrata do espelho carnívoro da pânica mãe.

Tempo é áspero silêncio que corre rio lento

e sempre na veia de Heráclito sem demora.

 

 

Murilo Gun

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