Hino da noite á luz nua da lua, velado o nome
e a voz a ti devida desmascara a vida
retine metal dos vocábulos, demole ecos do caos
e vazios, alveje anjos a luz, de tinta
ébria e trágica colora a alma
estripe dores, degole estribos, decapite forjas, martelos amordace
e escórias despedace, acorrente cinzas e certezas da correnteza
das crateras vinho uive borbulhando as bocas
percuta dente a dente, gota a gota
o mércúrio da alma.
Cifre-se tarde ébria num rótulo de vodka
Finlandia (vodka de cevada de sete fileiras, fecundada
pelo sol da meia-noite, com água de degelo
da primavera do polo norte de que me embriago)
hieroglife a vida num verso
duma cerveja gélida, dum resto
de riso num rosto, da moça que passa
ao longo da grade baixa, viva-se do viço dela.
Evitar viver não é vital, o vácuo precariza a vida.