Paulo de Carvalho e Antônio Martins
O vinho da tâmara chama-se lagmy a Gide
e foi uma taça de lagmy que um pastor cabila
a Gide ofereceu nos belos jardins de Uardi.
Gide bebeu todo o ávido vinho da tâmara
e viu gerar-se vasto oásis em sua íris
da pupila viu brotar tempo íntimo
desertos dessedentaram-se em sua boca rubra
apascentou-se a tarde em sua mão de lua.
Entre flores afegãs e pedras beduínas Gide navegou
no dorso dos camelos da utopia
nas águas fundas da fantasia
nas ásperas naves do seu sonho árabe.
Gide embriagou-se longamente
com o vinho capturado
no coração das tâmaras profundas.