Poesia é desejo de palavras. Algo imissível com a vida banal – aquela de todo dia, o dia todo. Certinha... e ...
E, como não se mede o desejo (mesmo o verbal), ele não tem limites. Tem, sim, ilimites.
A medida do tempo aplica-se a leitor tonto.
Na minha poesia (VCA) não há ruptura, há encontro com o que não se repete, com o novo, com a alma (fiz votos de solidão para fazê-los –a meus poemas... e assim são irredimíveis e integralmente inacabados. Integradamente fragmentários.
(Deus acorda, é madrugada – que Ele já criara – é primavera, em Sua sala, em Sua longa alma... e medita, como o fazem deuses profundos). (Seu teolito e pua próximos).
Poesia é expressão (verbal) em sua máxima tensão, em seu nível mais elevado e baixo, célico e rasteiro. É a expressão próxima de que seja capaz o verbo (e o poeta, obviamente).
Se não houver um súbito e inicial estranhamento com a leitura do poema, é que faltou poesia, esse combustível da alma, sem o qual o carro do corpo não anda.
Milhões de pessoas imobilizadas no si, enjauladas no ego, tipo zumbis ou lesmas, são os descombustíveis, sem poesia, na vida.
O poeta construo um universo íntimo, próprio, cerrado a leitores relativos, destinado a leitores viris que o invadem sem pejo ou incúria. E se salvam.
É óbvia a brutal originalidade. E se não o for... ? Pra quê?
Não é autoexpressão. É invenção. Fruto do trabalho imaginário.