Maravilhoso é o fervor do verbo
na carne da página, o ósculo da palavra
no corpo da alma
o verbário demiurgo lendo o id
da lauda, tudo assentado
no macio âmbito do poema absoluto.
E não se sabe bem de onde provém
tudo, o que outorga à vida verbal a seiva
o que incite ao delírio também verbal
e por que é preferível um dia luminoso
a séculos de treva instintiva?
É que os olhos da palavra (íntima ou não)
sofrem do prazer da sombra
assim como a alma goza
contemplando a noite silenciosa ou por que poetas se consagram
à morte e ao delírio sem tréguas?
E na hora do indeciso escuro da alma.
Devoto do êxtase ébrio, do verbo fluindo
através da veia e o sal sublime da poesia
inoculado na alma em delírio eterno e são.
É o teor poético apregoando o futuro
do verbo na carne, essa volúpia sem data.
Pura vertigem, impoluto canto, absoluto verbo.
20.08.2015