Elegia à alma fatigada dos dias
das temerosas noites, ao poema
mártir único da palavra
a fontes cansadas, a seivas desertas
a homens sucumbidos, a deleites de dores
ao jogo que venha da náusea, ao tédio circunflexo
aos desertos e oásis da vida do homem comum
(a Jorge Luís Borges) a noites intransitivas
ao vazio da veia, ao sumo podre
a jardins vedados, a adjetivos imóveis
ao urro que ressoe, às distantes cores
que o corpo reclame – e a árida alma
rejeite, aos ossos do crepúsculos e sua vertigem oca
a sopro que se alevante além das copas e dos vícios
a luas cautelosas, brisas azuis, zelos audazes
às estrelas úmidas da usura
às estranhas luzes bursáteis da vida
ao que não reste ou se redima.