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De pedra e espuma a vida.

De efêmeras e macias volúpias o ser.

De clamor em ruína

e insondáveis palavras

ou sons escuros a vida.

 

Todas instâncias de sombras venham.

O nome desfeito tem fama.

A dúvida é de pedra, o medo de bronze.

 

A rimas mais suspeitas e falíveis

não me oponho mas...

 

a noite do delta, o sono da ilha.

 

Cemitérios nus contemplo das estrelas.

estendidos nos braços do Juízo impune.

 

Quem pisa o pó deserto fustigado pelo vento insone

o pó só, possesso de ser pó, pisa a si.

Quando o âmbito da treva pulverizar o ser

e surda dor corroer a vigília...

 

Ração de abutre serás.

 

O ralo infiel da vida te sorverá.

 

Pelos declives do nada (ou pelos deltas da febre)

num rio avaro de azeites funerais aptos

tua vida navegara até o estuário da sombra

que mar esquecido te oferte.

 

Em açoites vivos terminará tua sina.

 

A treva e seu bálsamo

a imensurável necessidade não acata

como um rio confinado à lágrima

ou noturnas substâncias do vício ou do cio

não resgatarão a necessidade da treva

as hostes infecundas do silêncio gritarão

 

os pregoeiros do grito

não abordarão o instante iníquo.

O infecundo instinto do silêncio não cala.

 

O eco do irremediável é como panarício.

Que os surtos do corpo perpetuarão.

Ou a vida te propiciará.

 

Lástima ou sino de água

pele de hélices fatigadas

óxidos rebelados

consolos brutais

resignações desfeitas... a longa lista.

até os dias de cobalto vierem nos ver.

 

 

Murilo Gun

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