Gemido de estrela, o big bang da terra,
ecoa sobre uma mesa
a mesa da solidão dos sem-terra.
Canto de que promane o tanka
Gemido de estrela, o big bang da terra,
ecoa sobre uma mesa
a mesa da solidão dos sem-terra.
Canto de que promane o tanka
A palavra quer viver
sempre livre (em puro mênstruo de ser fruto divino)
fora dos dicionários, presa dos sentidos claros
dentro do poema, solta, alvo da metáfora
Estrelas caiam-lhe no rosto
do rosto brilhos pulsavam
como astro não distante.
É preciso manter o mundo ima-
ginário para o poema que vai e
quer ir a essências próximas do
absoluto.
Poesia é como água(,) inacabada.
Acabe(.) com
ilusões éticas
vazio pleno (como o céu)
Espere, leitora voraz, a cada hora
irromper a desmemória, a navalha
o breviário da espada, a loucura da palavra
espere outra aurora de ira e usura
Cria-se um círculo vicioso quando se produz poesia ultrapassada (há muito) com ranço parnasiano vício anacrônico porque leitor brasileiro (não leitora) em geral – particularmente, não está adaptado à poesia moderna.
O poema pode constituir, abranger, ser
uma mera e simples parcialidade
algo intranscendente que vele o real
(parcelar e bem medido talvez)
Após os sessenta, as seivas se iluminam
os hormônios erguem muralhas contra o desencanto
as entranhas tornam-se fluentes
rios de anelos adivinham novas volúpias
Não quero que a palavra diga
o que não vem de mim ou me interpretem
desmimesmando.
Portando crateras de néstogas