Por mil corruptos sestércios
compram-se próceres
próspero comércio
Hegel já longevo
Por mil corruptos sestércios
compram-se próceres
próspero comércio
Hegel já longevo
À Folha, página da alma do poeta
e poema da árvore
Ao balanço da brisa
sob balé de pássaro
Miosótis, não me esqueças
mesmo que a pátina apodreça
Miosótis, não me esqueças
mesmo que imperem aromas de ameixas
os cetros calados
felicito
admiro
os reis postados nos museus modernos
Antes que a noite fecunda acabe
e as sombras debandem
antes que os aromas mirrem
e os desejos ceguem
Abaixo o tédio
do homogêneo
e o enfado
das simetrias.
Eis que um crepúsculo doloroso
se abate sobre os vestígios
e por terra ao acaso jaz
o pescoço dos andrajos sujos.
Segue a semente tênue
rumor de azul.
Paletas de opala inoculam
na terra a cor certeira
Luz dos astros goteja
no rosto acende
desejos de abelha
À flor d’água o arrecife se posta atento
e vígil impede que no porto o invasor ancore.
O rio se faz óbice. Escolhos vigiam.
Penedos e veigas se abraçam em cópula marinha.