À poesia – na acepção original do poeta atiçado pela imaginação, e não mera inspiração físico-romântica - compete a sensação do sobrenatural místico, órfico, em que está presente o êxtase da palavra, independente de regras anacrônicas que visam anular o imaginário,
CONFESSO A MIM (O OUTRO)
ao mestre e mentor poético
Sébastien Joachim
A lua é uma labareda noturna
acha que Deus soltou no alto
para que brilhe a floresta do céu
A MÓ AMA
Ferreiros de brasões portuários
e medalhas nuas aferroadas
escultores de andrajos do ferro
PRECISO É LEVAR O CAOS (TRAZÊ-LO A NOSSOS SENTIDOS)
só máculas reinarão
caiam a cruz e o zelo
Preciso elevar o caos
à potência do cosmo
E JOÃO ARDEU AS PARTITURAS CHAMA CONSUMIU
Era 1945, num final de tarde quando
João Sibelius ateou
um fogo grego e faminto
sobre suas pobres partituras
CREDO VITAL (EM SETE LAUDAS)
Meu credo não é belo. Nem profundo.
Meu credo não é alto. Nem íntimo.
Creio apenas no instante. E na espécie.
Ave Sólida
Apresentação dos livros Lance de Búzios Sempre Abolirá o Acaso,
Visível Invisível e Vazio Azul
Vital Corrêa de Araújo
MAR COBALTO
Ínvios navegantes em sóbrios barcos
do faro de evos portulanos
(ou de gentis damas putas orvalhadas)
dobrarão cabos, angras moverão
A JOÃO DO SÉCULO (XXI)
ao futuro do cobalto
ao lampejo do amianto
Nenhum fulgor vingará
lampejos serão proibidos
POESIA E SILÊNCIO
Para RG, olhar é silêncio e linguagem, é também cosa mentale, ver é ser profundo, ver é começar a pintar o mundo.