O que é o coração
Além de ser um órgão oco e muscular
Habitante da cave do tórax
E bebedor de sangue – esse vinho
O que é o coração
Além de ser um órgão oco e muscular
Habitante da cave do tórax
E bebedor de sangue – esse vinho
Pastoreias meu coração, rumas-me ao sono entre estrelas
Em teu rosto bebo a redenção, teu nome redime meu destino
De sete cintilações é fecundo o rumor materno
O brilho da tua face iluminou-me o berço
Invasão! Caravelas no horizonte!
Por usura
(e lusa omissão)
A Holanda se fez dona
Do Arrecife
Enterrem meus olhos longe das ciladas do tempo
Perto das estrelas, entre esferas e mosaicos do céu
Ou na cerâmica do horizonte, além das gaivotas.
Que eles não ouçam rumor a vermes
Jorro de água abata-me sede árida de ser
Irredento até a saciedade do sublevado espírito
Auge liquido de sombras de pedra, igreja de anjos
Esdrúxulos recalcitrantes presa de osteoporose do espírito
O poema absoluto na realidade é hipnótico. À primeira vista, estranho, tende-se a afastá-lo de si, dos olhos e mentes leitoras.
Assino o ponto da poesia,
Dou o exato expediente do verso,
Faço petições rimadas,
Memorandos metrificados,
Poesia é expressão de imagens objetiva. E não produção de sentidos (íntimos, púbicos, pessoais, públicos, gerais).
O sentido é algo controverso. Muito interior e variado. Amplo, quase físico, psicológico. Íntimo.
Pedra somos
E a dor não nos penetra porque não odiamos
O sentimento endurecido não resvala para sua face áspera.
Como pedra tombamos