Mundo, cárcere longo túmulo
Estrada onde peregrinos morrem
Urna de pedra que trancafia a voz
Cárcere do verbo, ampola poluta
Mundo, cárcere longo túmulo
Estrada onde peregrinos morrem
Urna de pedra que trancafia a voz
Cárcere do verbo, ampola poluta
Amo o átimo de tempo que me habita
E o pórtico de espaço que me espanca
Pois de instante e sítio sou composto.
O infinito não me doma
Estradas da vida são escuras
Estreitas sendas do ar ermo da alma
Caminhos são de abrolhos sólidos
E hóstias compulsivas destoam
Ao decadente ocidente delicado
Da soberba alvorada ímpeto
Dos pássaros cortante grito
A garganta de clarim dos galos
Ela ouvia aromas vermelhos
Gritando da boca do éter
Nos planos côncavos do céu
Tocando abril no trombone da pálpebra
(em forma de crônica)
Morri ontem ao raiar do dia
A manhã ainda pássaro fora
Claridade estraçalhando-me lentamente
De carne e claridão,
À sanha dos desejos das mãos,
Esplende teu corpo e eu espero
Teu corpo,
À dor de (não) dar realidade aos desejos
A Jomar Muniz de Brito
Aos limites cristalinos e lascivos do ser
A íris selvagem, o rebelado fulgor
A volúpia do olhar incendiando o outro
Maduros cios habitando o seio
O torso do candelabro imerso
Cactos cantos
Secosáridos
Dos sertanejos
Poemas e cardos