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Qua, Abr

Já é tarde, menina
o vinho ainda dorme na adega
doído sono do meio-dia

Solitários cálices
e desejos amordaçados incendeiam
tardes e vinhas

Alastram-se infrutíferos
inimigos dos sentidos
o temor de amar
o tédio de viver

A fugacidade da vida
impele-nos ao amor urgente
antes que as horas cancelem
os desejos para sempre

(Vem, puella mea
acalentar quimeras
e ilusões trocá-las todas
por sensações momentâneas
sonhos eternos por volúpias passageiras!)

Murilo Gun

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