A cor da covardia é política et poluta.
Águas tenebrosas que a secretam são velozes.
E a abissais profundezas de intensos vermelhos
e infernais se precipitam almas líquidas e de pecados
pesadas, como cores de desespero ou réstias de ira.
Círculos podres e líquidos fedentinos fetidez exalam como
narinas de abutres abertas a arcas do charco
ou urubus de palavras que se locupletem do horrísimo
odor nu do verbo infernal e instantâneo, absoluto.
Se negada a ti, leitor, entrada na cidade da dor
que o verbo da página espalhe, igualmente te proíbo
a do amor à palavra.
Se todas portas o diabo de vermelho aferrolha
te restará o paço da esperança-chave do coração
(ou de sua metade vermelha de Nazin) – aberta
do antro de tua veia corajosa ao mundo humano.
Do ponteagudo fogo que verte dolorosa fornalha
brasas pertencerão a tua alma.
Se teu espírito erínias albergue furiosas
e eumênidas de olhos de carvão vivo e puro, também
nele embarcam seivas de lágrimas geladas
como lacraus e cerastas de Prosérpina
rainha do eterno pranto que chorava pedras
sob comando de megera de fronte lívida
como Tisífone cingida de hidras os cabelos.
Lembrar que Teseu de Ariadne foi ao inferno
levado por Pirítoo (infeliz condutor) para
trazer de volta Prosérpina. Aprisionado
Teseu de Atenas conseguiu a trégua e o pacto.
Enquanto o heroico ateniense comemorava sua
liberdade, Cérbero digeria Pirítoo pelas
trisfauces da fera devorado (pelos
três cães acesos despedaçado).