(Como cera sustentando sonho de Icaro)
luz esquálida e total derramada
da bacia inerte do planeta
na aridez vazia da alma
aberta em posta de peixe miraculoso
(pelo nazareno multiplicado inutilmente).
A nudez da água uiva estagnada
num úmido estribilho de lata
rótulas da náusea beirando
sombra de outubro já cremado
estômago das estrelas pulsando como quáser
joelhos de Capricórnio
glândula do minotauro
gônadas de Adão desparaisado
e Eva maltrapilha
na lixeira pecaminosa de maçãs
ajoelhada como uma sereia de areia
na praia do passado.