Amantes não são feitos de mármore
(frutos de entalhes e sacrifícios vitais)
não os cumulam anelos frágeis
incêndios nus da alma não os deletam
a força da terra
o irromper da carne (caudal lascivo)
alimentam amantes abundantemente.
Temerosa da violência do desejo
indefesa da voracidade do amor
é a mulher
impotente ante a página o poeta
ante amor o homem.
Amor é como mar
não mar morto
mas o mar que é morrer.
Sua nudez longa a violar medos lassos
seus escuros vândalos dinamitados
sombras desavindas intransitadas
e trâmites de coisas sonolentas
seguindo avante como distúrbios
e a gritaria dos sulcos da água
em desespero seco, ávido
ensurdecendo rios.