Nessa noite em que astros já não gotejam
em que a aridez do escuro espanca a alma
em que nem frágil rumor de vida escapa
e sílabas do coração estancaram
em que a selva oprime feras
e o sono dos olhos escasseia
em que a lua desiste de pairar soberana
(para escandir nuvens sonâmbulas)
fui o primeiro a procriar abandono
a me deleitar no colo de anjos sujos
a me anuviar e morrer.