Mulher alta de cílios loquazes
(com pilão da cintura e delta no seio
ou seios silentes, quem sabe?)
lusa sitiada no Brasil rural
da faina avícola semi-árida e pura
com boca de cisterna escura
a umidade da cona insuflando lábios
ela gesta uma granja do sertão
apadrinhada por gravetos hirsutos
coleciona cactos d’água verde
e com olhos de lua recém-molhados
flui entre rios e é absoluta
além de ímpar e torcedora do Santa.
É a poesia absoluta.
Eis o cio plantado no corpo aberto da vida
colhido na campina do desejo
entre palmas e órbitas bovinas
no prélio sem tréguas ou entregas entre
a realidade e o desejo.