(ATÉ CONTRAPROVA EM FAVOR)
Há no rio memórias já lavadas
de impurezas cruas e demoradas
há sobre a água lumes líquidos e lendárias
incrustações de silêncio acorrentadas
a estilhaços de agudos sais.
Há labaredas rondando a madrugada
um pátio de calma, uma alma só e a lua
além do rumor de sede que se abre
do vórtice de teu êxtase.
Há uma certa dúvida
e indagações fatigadas.
Talvez secretas convulsões de ira célere
talvez ilusões de muro
e cílios de trompa ou o amor
que sem saber o que é já arde.
à memória da água