(não tenho ventre e a luz
em mim foi dilacerada)
Sou o acesso à terra da aflição (líquida)
pago infernal pego profundo antro
de onde nem gemidos escapam
(para fora de minha ribeira atra)
sou alimento de treva, ergástulo da alma.
Istmo sombrio que ligue
Aqueronte hórrido, de águas
ígneas e destras
ao arcádico Estige
afluente sórdido recrio na página.
Por ele flui poema absoluto.
Rio de soberbas
águas amaras
(não rima com escaras)
rio movido a
vendavais hereges
e heréticas espumas que jorram
ao céu tenebroso
rio de águas lodosas e sem rumo
de águas tétricas, intransitivas
(egressas do pandemônio de ilhas)
borbulhante de íris ardendo e rochas líquidas
de rosto freático e soluto (magmatizadas águas da grega sina)
rio de forjas de ventre e fráguas eternas
lívida laguna dantesca.