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Qui, Abr

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Por que caminhos andas

percorrendo úmidas

ruas onde não passa lua?

Por quem não fere teus olhos

turva aurora (escabrosos amanheceres de hoje)?

 

Por que abordas tão inaudita

senda ávida do abismo?

 

Por que vias flagras sonhos vis

e inóspitas entranhas da noite?

 

Por que arrabaldes persegues

sino de ilusão, sonhos sem cabeça?

 

Duma cátedra azul prado

vi basílica de cinzas justas

que me enviborou e domingo

que ela cruzou fagueira

por mim.

Devoto me emparedei mas

meus olhos bolinaram íris que passava

com o ser ao futuro passando

de meu longos e crassos abraços.

 

Levar deixei-me por tuas macias ancas

e renunciei a céus e sonhos

todo o crédito (crédulo) numa partida

dobrada joguei: tu e eu comungando

os corpos, as almas à fogueira sem fim.

Músicas azuis e borboletas de sílabas

e flores, e flores de ecumênicas cinzas

não me salvaram a carne inaudita.a

Murilo Gun

REVISTAS E JORNAIS