A cena do atanor filosófico, em conjunção explícita com a metafísica do fogo e do uivo, ante toda a glória da água plena, se desenrola no teatro da página química da alma.
O trailer é a pastagem da primeira égua de cujo parto veio o dom da vida concreta. No instante em que a saliva dos clérigos é lançada dos lábios no vestíbulo fiel. Daí esplende em toda a sua vigorosa realidade, a certeza de que a verdadeira glória é a do túmulo, que a verdade final é da tumba (de esmeralda).
Só a poesia, em sua dupla e íntegra dimensão operativa e especulativa, é capaz de adentrar o ATANOR do verbo. E presenciar todo o rubedo.
O poema não circula na página, no veio do cerne vegetal, porém transmuta a veia humana.
A glória do fogo é concedida ao verbo... não a corpos vis e almas desorientadas ou podres.
Mães nutrem embriões homicidas.
Do ventre máter sai o corrupto-mor.
à beleza das entranhas nuas
Que ocultos selos revestirão
a audácia do ser em ser?
Ao corpo fugaz, à solidez da alma.
Ao molibdênio do espírito.
A Deus do ácido céu.
Ao Satã de urânio íntimo.
À corpórea magnésia
Ao transmutado mercúrio
A sublimação do sopro
em barro eterno.
Sub judice até o final: a condenação.
Os selos se racham, fendem as salivas
os juízos se conspurcam, revelações dizimam.
Agitam-se asas e veias.
Orvalho sonoro e inefável poreja.
A Tábua do id exposta regorgita.
As coisas são desiguais, as de cima
mais do que as de baixo.
Do ventre do vento vem o grito do útero.
O sutil é espesso e solitário como o sal.
Energias inferiores alimentam o dínamo do ser.
A luz dos elementos é ébria, braseada, profunda
sólida, relampeja e uiva.
Como águas estendidas sobre mortos crescentes.
Acorrentados a trevas por elos
divinos e ausentes.
O espírito é de água.
Como impotente hortelã
abeiram o Hades as almas.
Que oculta fusão modernize o mundo.