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Qui, Abr

destaques
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Quem – a não ser Holderlin, Rilke e ti

por trás das sílabas prende

o vôo dos fonemas  

pássaros inscreve

      com solfejos

      e aéreos cinzéis

  

roçando

na pele da vida e toca

o rumor do invisível que perpassa

entre o sono furioso das palavras

e a agonia do verbo criar?

  

Quem,  além deles e de ti, sabe

do prazer do inexprimível

    (da exata falta banal de palavras exata

  

quando circunscreve o infinito

num instante  físico do poema

 

      num íntimo esmo

      que o acaso dedilha

      no teclado da página vazia?

  

(A aproximação do verbo ao indizível

é qual a de Deus ao rosto do homem

que o misterioso prazer do texto poético presencia)

  

Quem a alma  joga com os dados do corpo

na mesa deserta – e branca – do papel

e o completa do pleno

e do possesso (que é o aberto)?

  

A quem cabe o êxtase dos horizontes

o rigor cósmico da vida, o melífluo  lento

a escória  impotente, o dissídio do tempo

o marcessível crisântemo

que rondam as estrelas

essas  espantosas abelhas

de brilho, luz trêmula

e fugidio encanto?

  

A quem cabe o que  jaz no coração   escuro das galáxias distantes?

(E o que molda o vivo barro das palavras

fonte do inerme e do corpo de Deus)

senão a ti, leitora de Rilke e Holderlin?

 

Quem deu asas à volúpia de ser

senão eles? (que o arco do abismo contemplam)

e flagram o angelical  ainda em potência

      com o ato da  intuição  lírica?

 

 

 

Murilo Gun

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