Nas ansiosas reentrâncias da palavra acredito.
Estranho galáxias.
Estupro estrelas.
De adiposos lampejos meu reflexo mais íntimo.
A minha inconsciência confesso pecados do espelho.
Pasto de cio e ressonâncias nuas sou.
Acima de tudo, amo sobretudo.
Talvezes, também.
Sou lavoura de frêmitos
lodaçal vazio
intrincado humo
sêmen avulso
válvula solitária
êmbolo em embolia
véspera nua
som insone
réstia de pó e luz morta
âmbar ancestral
óvulo em fuga
esperma sem rumo
mutilação azul
efígies de água
sopro de barro
mero passageiro sem estrada
halo de lama
tênue abismo nu
culpa intacta
sou vital.
Violência da cútis me desama.
Com asas metafísicas voo
a transcendente céu de minhas náuseas
onde busco desabrigo, exílio azul e
tugúrio mudo.
Tíbios sons de esqueletos (me) indicam
abominável momento.
A pátios agonizantes
a úmidos musgos dos domingos
às crassas primícias dos antes
aos requebros dolorosos do ritmo cavo
aos tambores súbitos, aos ácidos anacolutos
aos púberes ínclitos das doces moçoilas
aos úberes capitosos das damas da noite
aos timbres cívicos culpados
aos sábados de lodo errante
às quartas-feiras cinzentas, ao cruel abril londrino
ao doloroso setembro, mês verbal
à nécia voragem dos instantes
ao impotente pecado, vou. É a premissa vã.
Do tumefato altar onde golfa cretinices cristãs
e da garganta do soneto abdico.
Oro à amor horário
a rumor do espaço choro.
Oro a mármor de que é feito
cárcer de pelúcia da palavra amor.
Sinos retocam-me férreas máscaras do rosto.
Aos gravosos monumentos do memento.
Açafrão aguça primaveras.
E celestiais torna papilas.
Ulisses relincha.
A realidade é a imaginação.
O Brasil é idiota.
Áugure lê da entranha do tigre
o que há de ver a vir.
Luzes da melancolia são cegas.
Todo tímpano teme prédica.
Opróbrio causa-me deliquo.
Sapiência, espécie ou sequência de...
Sonho cópia de hospício.
Amor pede armistícios.
Comove-me a mensageira clavícula de Hermes ígneo
de enigmas e de fraudulentos candeeiros
pastor exímio.
Bulbo de papoula meu apneico
sentido das hostes de janeiro.
Em meu corpo, funda-se a chega como a rosa murcha.
Idades gritam em meu antigo coração de pedra.
Traga palavras com apuro e fumaça.
Do meu alforje ferruginoso
junto com algum sal náusea vital um sim.
Trago alento sem mácula do verbo
junto a sinal de não.
“Ao Rio de Janeiro, severino e março, meu abraço”.