Profeta plúmbeo me ordeno
Pedra proferindo escuro
Grito encarcerado
Na garganta do futuro
Profeta plúmbeo me ordeno
Pedra proferindo escuro
Grito encarcerado
Na garganta do futuro
(a morte também é de barro)
O que sobra do barro sombra leva
Em inefável caravana por senda escura.
Voa para além da tênue sepultura
Posso dizer que não sou um poeta inclassificável (totalmente). Cognomino-me expressionista órfico. Desde que fui a Alemanha, a primeira vez, em 1988, quando passei vários meses, comecei a pesquisar o expressionismo literário alemão, graças a uma professora brasileira que morava em Dusseldorf.
o que era
ávido que fui
abandono a veia.
Lembrete necessário.
Com a matéria da insônia teço
relâmpagos de leite na lenta horta
do impreciso cais onde olhos naufragam
aplico ataduras, escuras pomadas
Tua boca estava calada
Os olhos prostrados
No abandono
Teu torso era abril
Poesia, límpida fonte de desespero
modo de disfarçar a alegria, cobrí-la
de gestos cegos, sumos cavos, uivos servos
ou da pele frágil da eternidade
Branco e ébrio papel mancha da mácula
Culpa da tinta
Ósculo da pena na página
Lauda de aço (na alma) páramo de relva passam
à inefável musculatura da alma
A cisão desvela vísceras.
À ruína de bispos ao cubo.
O acaso recolhe coisas, papéis, avulsos nomes
às vítimas peticionárias
deduzo
com a rotina do olhar
a complexidade da matéria