Tua boca estava calada
Os olhos prostrados
No abandono
Teu torso era abril
Cisne de azulejo
E bom-bril
Tua mão rimava com a aurora
Que se despia sobre as águas do início
Tua sombra bramante negro
Tua sombra bramante negro (e duplo)
Parecia duas
O olhar noturno
Fazia temer a lua
Uma rosa ria
Em teu cabelo graúna
E o gesto lavra
Da mão de uma palavra
Para o passo trôpego da rima
Que ovulava
Com avara certeza
E impiedade lata.
Tudo seria meu
Se tu urgisses
Em cada pausa
Ou demora da vida ávida.