O poeta dá voz ao outro (quer seja o seu id ou o do leitor).
Dialogue com seu id. Não o deixe
só monologando dramaticamente como o de Molly.
Tudo o que digo (poeticamente), nele habita o outro.
A voz do poeta não é privada
submetida a contratos, financiada.
Não é uma voz usurária, bursátil
que soe em ares comerciários.
Leitor que me desentenda
ideologicamente é frágil
destituído de uma firme concepção do mundo.
No entanto, na Poesia Absoluta, só quem fala é o poeta
para ele mesmo (ouvir ou não).
A língua como código (símbolo), não como diálogo (poesia).
A língua como diálogo, não como código (prosa).
A voz dialógica é o encontro do eu com o outro.
A palavra poética é o encontro do eu consigo mesmo.
(Ou da criatura com o criador da criatura. E não qualquer outro).
A poesia é a clausura e a libertação do eu.
A prosa é a anarquia, o caos, a liberdade do outro.