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Qui, Abr

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Não sou crítico literário felizmente. E não o sendo posso trabalhar livremente meus conceitos e preconceitos (estes em número bem maior que aqueles) sobre poética, tal como a vejo, sinto dever ser. Como são parcos os críticos e mesmo parciais em sua “parquidade”.

Contaminados pelo contágio parnasiano sedutor, impregnados do vírus da forma poética externa (ou mecânica) de contagens de sílabas e eclosão artificial de rimas obrigatórias e em tais e quais exatas posições, que darão ritmo metronomal ao poema etc.

Como não se disse (a não ser Carpeaux e Antonio Candido) parcial e positivamente, digo-o eu. Tivemos uma forte (a mais) escola literária: Parnasianismo. Por um tempo, brotou o simbolismo, porém sem originalidade.

Impregnado do parnaso, com fortes inflexões deste, o simbolismo brasileiro teve quantitatividade muitos “poetas simbolistas”, porém qualitativamente deixou muitíssimo a desejar. Centenas de nomes do centro sul e sul do Brasil são listrados como simbolistas, mas são pós-parnasianismos apenas.

Apenas dois são simbolistas universais – e mesmo contribuíram e muito, para o enriquecimento dessa escola decisiva da poesia mundial. Foram Augusto dos Anjos e Cruz e Souza (poetas absolutos).

Então, desenvolvi uma linha evolutiva da poesia brasileira (para uso próprio) que vai do parnasianismo à poesia absoluta.

A transição da escola mais completa, popular e poderosa, o parnasianismo, para o simbolismo foi precária e fugaz. Foi  um simbolismo, o brasileiro, sob duras rédeas do parnaso. Mesclado. Chegou-se à moderna poesia. De 1922, que, mesmo minada por movimentos de contestação imbutidos (que pregavam a poesia (pau-brasil) brasileira. Sem o artificialismo e contaminação da poesia universal. Um verdadeiro ímpeto narcisista. Ou uma reindianização romântica. A poesia do sol, das aves, das comidas. Veiculadora da cultura africana e do folclore recente, etc). Se arrastou até a Geração de 30... e definhou. Definhou, se envergonhou, regrediu... até o reparnasianismo triunfante da Geração 45. Que até hoje predomina (no povo, nos poetas, nas escolas e universidades, de currículos retrógados).

Para suavizar essa reclassificação, e, como se tratou de um regresso (e não progresso), a transição moderno para neoparnasianismo, opto por pré-moderno. Então, a Geração 45, com as habituais exceções confirmadoras da regra, representou um decesso na qualidade evolutiva da poética brasileira, e a seus representantes, chamo-os, apodo-os, crismo-os de poetas pré-modernos.

A fase seguinte, numa atitude de rígida atualização, e retomada da posição progressista, que, das cinzas do atraso, retome bem adiante o fim da meada perdida, é o da poética absoluta, ou neoposmodernidade poética brasileira. É que se inclui nesse novelo (para desenovelar bem e acabar com a “novela” neoparnasiana), além do retorno ao modernismo inicial, o pós-modernismo e o século 21, que mereceu alguma consideração.

A poesia absoluta é a que permita a emergência de novas significações. Tal, como Paul Ricoeur, em Metáfora viva, em que retrabalha e conceitua a hermenêutica da plurissignificabilidade do texto poético. Ricoeur é um dos alicerces vivos, o substrato, a substância, mesmo a essência (como o é o Heidegger, de Holderlin) da Poesia Absoluta.

Murilo Gun

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