1
Néctar atento
árduo sumo
audaz matiz
na rosa repousa
Treme o frio
a pátina rosna
o auge da ira
o espírito afia
os cromos do vento excitam
o sexo cinzento da tarde
e seus pastosos adornos
iluminam espátulas
Os secretos ovários do ocaso
incitam as cores náufragas
(latas de crepúsculos
guarda o poeta
- em precipitadas páginas
com jarros de palavras
nos andaimes da alma).
2
Cada átomo do íntimo
(a cada átimo de instinto)
indicia o tempo (e seu sítio branco)
cão transitório (e arguto
Argos dissoluto – de olhos ilusórios)
que morde (além da cauda e do nome)
o calcanhar cego de Homero
a virilha de Empédocles pega num bote
fêmur de Ulisses fende
bebe das ruínas de Tróia
a sede de Cassandra que uiva
sobre os últimos muros
da candente cidadela
descabelada virgem
delirando a lira do futuro
(os sulcos do porvir gritando)
como cadela de Menelau