Essa lenta e íntima eternidade me exaspera, me deleita trânsito das coisas
passageiras, superficial transitoriedade do supérfluo,
do meramente epidérmico, me
desespera sono da seiva, sua hibernação cáulea, incisiva, vital, no lenho, e o
sonolento lume a escandir longos escuros me exaspera
à luz dos vasos naus das hemácias a guiar sangue, esses ulisses
em sua odisseia prima arterial, suprema em sua jornada veia acima e abaixo da vida
a oferecer essa taça indizível de trêmulo e rubro vinho orbital, orgânico
lenta eternidade corporal guardo a alma, pecúlio metálico que rosna à rosa do invento
das horas e lança no Livro do Tombo divino
dardos de Cronos para o negro coração do Infinito atento
esmigalhar como a vergalhões o tempo.