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Sex, Abr

destaques
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O sal do orvalho, as chuvas do  fogo

fugas sobre teclados

lírios que alimentam relâmpagos

pátina que aniquila ouro.

 

Nutre voo de Ícaro o sonho

(de ser maior que o homem

quase igual a Deus)

a superação de si (da esfera do ar)

o percurso sereno e áspero (de cera

e sonho, de altura e abandono)

a cintilação da estrela do céu oral

o brilho negro da pálpebra

das últimas galáxias.

 

Dos meandros do mercúrio

das hirsutas violas do enxofre

das veias supremas das retortas

fulge o zênite, o auge fulge, muge

o desejo de ser o todo.

 

Sete caminhos das estrelas e dúvidas

célicas trilhas, alces, hélices e sais

abrem-se em alvorada secreta

no baldio e desesperado coração humano.

 

Do pátio de nitrato alastre-se

primavera entre carneiros e dádivas

entre flores circunflexas e alvoradas hispânicas

(rosas retóricas das lapelas barrocas).

 

Do corpo do verão cevam-se touros

escorpiões bebem seu coração

ávidas víboras preparam bodas

venenosas noites emasculam o espírito

procissões oferecem jovens ao sacrifício

de suas horas, sonhos, esperanças, mitos.

 

Sagitário irrompe

das dobras de dezembro

dos curvos lençóis e arcos diurnos

símbolos cravam-se na solar túnica.

 

O arqueiro mira o adepto

retesa o metal primevo

escatológica seta desprende

despe aromas da carne do verão

 

eleva utensílios a liames

recolhe das taças sem mácula

elixir áureo

o ávido dom da obra doa ao intervalo

 

ao céu, alvenaria de Deus

arquiteto da viva mansão, oferece

seta que sua sina dispara.

 

Murilo Gun

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