(da série aporias coloridas)
Do feito de orvalho e coração
é como se apresenta o campo
da Senhora Natureza ao bulício do amanhecer
ao lauto burilar da luz dos olhos acesos da manhã
de hortas arrancado fruto alevantando vivas raízes
de covas erguendo vagorosas árvores
brotando da sede do chão de ser
do racismo ou fio da água nutridas
dos fótons do sol alavancando foras viris
para subido lenho onde uive seiva
lume vivo da linfa verde corra.
E assim opera a vegetal mão de Deus.
Divo mecanismo que se teima destruir.
Os meigos matizes da violenta de sensato azul
(e secreto carmim) aliam-se como irmãos
ao céu viril em vital volúpia.
Golpe ávido de rubor vasto
se dispersa pelo ar livre do pássaro
(como uma aliterado alicate)
crua acalento de bálsamo
sobre almas se derrama
para satisfação ou regozijo dos pés
verde aroma varre
todo o mundo natural
(de que o homem é mero invasor malvado)
Então olhos extasiam-se
néctares apuram-se
olfato amplia-se
íris endoidece quando
do rebento da rosa Deus desce
parado sopro do barro avivar a terra
e lírios não envelhecerem mais
e dálias enlouquecer a Beleza.
Somos párias de impurea
tórios de escória
muro de detrito vasto
viga abandonada no teatro
lage de ar e pássaro
de cimento inefável:
somos poesia.
Ágil de lígures e fenícias vivas
amalgama breve de rara porcelana.
Clávicula de vento, liame árduo e novo
arame capado, tornozelo lasso
perfume de conforto e sulfato.
As últimas sílabas do apocalipse de perse: p/se
ofereço ultradose ou garbo trago
de poesia absoluta.
Á assembleias de granito e leis devassas
ou impróprias ao povo cuspo.
À ave de veloz rapina dos políticos em ascensão
aos cofres mais fundos composto de urro doo bosta.
Veio a lua (céu, mineral noturno, acolheu-a
inteira e nua rocha alta) intensa esfera
e sua jazida de prata pousa
no meu rosto escuro (morgue da cútis)
como sílaba na palavra poesia vândala.
O coração das coisas terrenas e humanas
estancou para tocá-la ou pungi-la
lua agrária (da cidade exilada).
Foi-se a lua
minguou a rua (e a rima nua)
e o cão que o olhava estilou
teve a retina cortada dali
por louca lâmina de celulo espanhol.
A prata apodreceu:
O coração rearmado
Para nada pulsa.