Aos irmãos Couto, Aqueronte, Estige
através dos quais o barqueiro Caronte atravessa almas
Aos irmãos Couto, Aqueronte, Estige
através dos quais o barqueiro Caronte atravessa almas
A aflição de viver não acaba com a morte (do corpo)
porque a sombra (ou o que reste da alma)
continua a sofrer
Às infidelidades (caninas) de Israel
às abominações cremosas de Menassés
(que tanto pecou quanto amorreus)
a ídolos pecadores que me detratam
Lavra céu relâmpago e fragor grassa
trêmulo infinito arde eternamente
luz do rumor assalta boca da alma
brilha escória, gemas consomem
Vital Corrêa de Araujo
É preciso ser minuciosamente corajoso para defrontar a tarefa de escrever um haicai. Em três versos (limitados) expressar o infinito e a eternidade (comungados) e algo mais, apenas com umas poucas palavras.
Renuncia a Morest de Get imortal
torna cruéis casas assírias
deserta como alma do mundo cidade de Aczis.
Receba, povo de Maresa, o Senhor
Deixo-te, querida querida o quanto tenho vivido escrito
dias que se foram, tardes que virão
textos já curtidos, palavras intransponíveis
verbos já cansados, noites impublicáveis.
Menassés (fruto de Ezequias e Hefzabá)
era ímpio, vil irmão do ouro, primo da vesânia.
Idólatras altares bem alto ergueu
pódios para Baal
Senaqueribe retorna a Nínive.
Ilesa Jerusalém embala-se com seivas de êxtase, finas volúpias
e sais de estrelas, canções de paz e vitória rubra
como baba derramam-se das bocas fiéis.
a Roberto Cavalcanti de Albuquerque
Felicidade em alta e na pauta disparada
nenhum verbo que a envergonhe
envergando fato lustroso de estrela desolada