Percebo meu (mal) leitor (ileitor ou aleitor) quando da aleitura do meu (bom) poema: a beleza não é fácil, ele pensa... e para na segunda página, à margem da segunda folha.
Sthéfane Mallarmé, um dos fundadores da modernidade poética, se obstinha em não agradar aos leitores mais sensíveis, viciados no facilitário da compreensão. Exigia pois, do seu qualificado (e bastante inumeroso) leitor, suor compreensivo.
Para novilhos ofertados à sintaxe de ouro
para os que vendem templos, comerciam trâmites
ritos, calendários, dogmas, preces leiloam
Só a palavra poética (nem mesmo a palavra religiosa) salva-o da permanente ameaça da indeterminação absoluta (ou fracasso do espírito).
Texto de pássaro e quartzo, mundo
de comovente mármore
árvore de sono e vigília, ramos
de nomes canoros e ouro alelúiuco
A imutabilidade da linguagem, a conservação da gramática, a manutenção (eterna, embora provisória) da forma (a mesma), a repetição (o ídolo), tudo leva à mesmice da poesia brasileira atual.