
A POESIA DE VITAL CORRÊA DE ARAÚJO 2016

“De vez em quando a insônia vibra
com nitidez de sinos”
e cristais recrutam a impossibilidade da linguagem
para fazer cirandas de andorinhas (e poesia)
{jcomments on}Empampanoado Alcebíades adentra
o receptáculo do ébrio banquete
simpósio da náusea, envelope aberto
flautistas o cercam, o palavrório agita
Busco na palavra a secura, o inóspito
de mim que vaga como grito arrancado
do esôfago da náusea que habito, entrego-me
à vida ávida do ácido da morte
às fábricas da aurora
Ouro vago da sombra
que tarde enclausura
na cloaca dos escombros
(pra não dizer pelo pênis)
Cópula do lótus com a abelha
do junco com o vento úmido
do bentevi com a papoula nua
O POETA SE PROPÕE A NÃO DEIXAR
PEDRA SOBRE PEDRA DO SENTIDO
Este livro não é recomendável
para gramáticos cardíacos
(ou flauta de osso)
Das sonoras vértebras do silêncio
demoram-se as melodias do ocaso
a medula do grito encaracolada
Trípodes de ouro habitam frontões
do pináculo do templo vitória de mármore branco
em voo de plena glória flagrada
soberbo gesto do ar coagulado
Da amizade obscura de um saguão hino.
Jorge Luís Borges
Ladrilho do cão de cerâmica e lua óssea ecoa.