Rogério Generoso
Os formalistas consideram a linguagem poética como soma de procedimentos (ou técnicas estilísticas) que visem suspender o discurso,
deter a atenção sobre a forma da mensagem, desviando o foco da poesia sobre a mensagem como conteúdo (informação).
Nesse contexto, intervém a questão da ordem poética e prosaica do verbo. Na prosa (ou ordem prosaica) a palavra interessa por sua significação (pelo que diga): a significação referencial, modo eficaz de dizer algo, mensagem, lição, etc. A ordem poética é a epifania da palavra, modo de ser (íntimo) da linguagem, instauração do verbo na página (do livro e do mundo, do ser e da realidade).
Isso equivale a destacar, enfatizar, dar relevo aos procedimentos (ou recursos poéticos) como finalidade e não como meio de expressão.
Em síntese, absolutiza-se a validez, o predomínio que na língua literária adquire a forma da mensagem, processo e fim (e objetivo) da palavra poética, relevo devido à influência dos procedimentos fônicos, morfológicos, sintáticos (e semânticos) que convertem a palavra poética em si, no verdadeiro objetivo do discurso.
Os significantes ficam, os significados voam, dispara Vital Corrêa de Araújo, cujo objetivo como poeta é derrubar o significado, na avaliação do insigne mestre Sébastien Joachim.
Em síntese, para Vital, verso não é sempre poesia e poesia não é sempre verso.
Em suma, para VCA, a poesia moderna é uma estrutura de palavras em forma de grade intrincada que filtra os significados, lima-os, prepara, afia seus destinos e aporias, enfim, que impede a entrada do mundo.
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