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De amoníaco é o poema

 

É a taça conteúdo da alma sulforosa

continente do ouro espiritual

(do alado metal da alma desfruta o corpo)

 

de epitélios lascivos a rosa uiva

berço metálico da filosofia a sombra

trama das razões catastróficas o coração

o futuro da intuição cristalina jaz

sob escombros, trapos e panos da incerteza

 

plena a ágora do eco dos coros

de anjos e gritos de cevada e corola

 

de velhas pétalas vem

teu nome tua sina vem

 

cálice de fluxos e reflexos cratera

de luz inconsolável centro

de etéreos mercúrios (espirituais)

que rondam púrpuros abismos do orvalho

 

símbolos do sal elementar o útero e o túmulo

do Tártaro plural filhos basais

da treva virgem através e berço

(de galáxias ninhos distantes, insondáveis

ou sonos que escapam do trêmulo

nascimento das estrelas)

 

 

 

da réstia de serafins que regem

órgãos matinais nasce a música das manhãs

 

do ventre hexagonal do enxofre

advém o aroma, o pâncreas, o esgoto

 

em solfejos ofegantes intestinas canções

coabitam com o silêncio dos fêmures

do rumor de candelabros e sons do coração

erguem-se melodias de células e sílabas

molécula de címbalos entoam

dísticos de perdidos amores

 

enquanto usinam concertos azuis

sob átomos de cisnes viscerais

dissolvidos na argamassa do infinito

 

sob alicerces de silêncio poema gesta-se.

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Murilo Gun

REVISTAS E JORNAIS