Sou adepto pleno, absoluto, destro
servo filosófico, amo aporias dessocráticas
e incertezas platônicas.
Só existe a mudança
a permanência é perniciosa
o que muda é glória.
O que permanece apodrece.
Viva todo(o) heterogêneo.
Abaixo a simetria.
Ao alto, intrincado, insofismável vitral
a mesura da palavra.
Viva a diferença.
Abaixo todo(o) homogêneo.
“A idade é a única coisa positiva no mundo.
Porque quando somos jovens, somos idiotas demais.
O envelhecimento preocupa em seu processo implacável.
Porém, quando nos tornamos velhos, deixamos de nos
preocupar com tudo. Sou mais feliz, hoje, aos
91 anos, do que fui em qualquer período da vida.
Estou vivando, aos 91 anos, a época de maior
clareza, de maior domínio artístico”.
Philip Johnson
NOTA: PJ foi um dos luminares e cumes da
arquitetura do século XX. Obras-primas: Glass
House, Seagram Building, torre de
vidro de 48 andares, em 1956. Crystal
Catedral na Califórnia (1980). Sony Building.
Foi amigo de Niemayer. Em Rotterdam,
Johnson desenhou um edifício cuja silhueta
tem forma de chama. Dirigiu o Moma (NY).
A poesia elementar é funcional. Função
de emocionar, mesmo extrair insuspeitadas lágrimas
ritmar, metronomar. A poesia absoluta: extasiar.
A poesia absoluta não é plana (ou/e
linear) como a elementar. São esculturas
de palavras. Comece pela PA, vá em busca
da modernidade fascinante. A elementar visa
a utilidade. A absoluta brota do inutilitário.
Abaixo a mecanização da poesia (elementar,
de rimas mecânicas, floreios, florilégios,
utilidade emocional e tal), abaixo a
retoriquização e regulação da poesia elementar.
Ilusões se arruínam.
Não impeça, nunca pare as fantasias (humanas).
Se poéticas, duas vezes humanas.
A poesia absoluta deve refletir a ausência
do sagrado (como falta gravíssima)
O sagrado ritualizado, grave, místico. E
não a milagreira desenfreada em campo de
futebol.
A poesia absoluta busca o pecado imortal.
O perigo cultural, que ameaça e é real,
opera, gera efeitos perversos como uma serpente, é
o antimodernismo. No Brasil, ele é ativo na poesia.
O pior é o fundamentalismo crítico, a
absorção do leitor por felicidades rimadas e
glosas de bem-querer.
O sentido (um dos) da vida poderia (e
deverá ser) sua transformação em arte. Um
dessas artes transformadoras da vida é a poesia
(não relativa ou elementar).
A prosa nos dá a ordem e o material bruto (a
palavra encalacrada em cofres lógicos, as
mandíbulas da gramática à vista e em riste,
o exercício de rimas próximo para intervir
e evitar mudanças vitais. Cabe ao poeta
refinar, apurar, desordenar... fazer
a vida dar sentido absoluto e último. Pela
veia da poesia, pela veia do humano em absoluto.
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