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Dom, Jun

destaques
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            Quarenta anos nos separam de um tempo em que os signos dominantes eram os BEATLES, o hard rock, o punk, a tribo gótica e alguma música calhorda de cotovelo, numa feijoada dourada que, além de chacoalhar nossas almas, endureceu o corpo que anos 50 fragilizaram, com o conservadorismo típico do após-guerra.

            Eis a década de 70 inaugurada pelo acordo de paz lisérgica no altar ou trono do Festival de Woodstock.

            Mas os happenings dos tempos hippies estavam definitivamente sepultados, como afirma Kid Vinil, em depoimento à Folha de São Paulo.

            No Brasil, o vazio cultural, produto típico da ditadura, fora preenchido pela cultura alternativa.

            E os produtos culturais dos “seventies”, como esquecê-los: calça boca-de-sino, sapatos plataforma, relógios digitais, rock de garagem, cyborg, kojak, saias de poliéster, e jaquetas de veludo bordado, sem esquecer o auge do fusca e Mulheres  de Areia, quando redenção era apenas um novela.

            Tô na minha e pé na estrada eram palavras de ordem mundial da década do ego (com inveja do id). Surgiam os Raul Seixas, Paulo Coelho e cia.

            Os anos 70, no Brasil, foram também anos de chumbo, com a ditadura no prumo de sua violência insensata e inútil. Mas foram anos dourados de radicalização cultural da contracultura, do underground, da cena alternativa, dos ânus alucinados, dos delirantes e do punk rock, último grito de contestação, antes que os anos 80 mergulhassem o mundo na tediosa era yuppie. Batalhei muito na Madame Satã em São Paulo.

            Se foi a década da dor para o Brasil, 70 teve de tudo: batizada de vazio cultural, gerou a cafonália, Raul Seixas, o gênio poncho-e-conga e Caetano odara.

           

 

Murilo Gun

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