No cálculo da borboleta Deus ousou.
Sua geometria alada, a leveza do traço
quase aéreo, a cor pudica e voraz
o indelével bordado, a pureza extrema
o irisado supremo, elementar, vital, a severa
e ardilosa arquitetura de seda da asa
a brisa etérea e vagarosa, ou quase imaginário
ar, onde ela paira
a delicadeza ampla que perpassa
e a pomposa melancolia quando vagueia
(os olhos presa da ondulação perfeita).
(poema à borboleta que tece
arabescos de cor ao vento e mostra
que a beleza não é difícil)