15
Dom, Jun

destaques
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

 Que na carne

se reinsculpa o sopro

e do barro das criaturas sobre

matéria e cansaço para o espírito, ingrediente alto

para que o verbo faça-se poema.

 

Que da voz agonizando modele-se grito.

 

Que se hasteie do coração do homem

dom súbito da liberdade

rogo que Prometeu roubou da garganta dos deuses

aclare-se assim (o poema) veias escuras do mundo

ilumine as celas da alma do leitor

relâmpago de Zeus reconciliado.

 

Que no mármore

se memore meu nome

nele cinzele-se

cada músculo da alma

cada pulso do instinto

que ressoe do mármore antigo

cada sulco da dor irrevogável

na memória mineral de meu rosto

em laivas de pedra crave-se

e o nome se alastre

para além das aventuras do corpo

e comissuras da face

essa prova atenta da senectude humana

e velhice do tempo.

 

Murilo Gun

REVISTAS E JORNAIS