Não há o que dizer ou escutar
Vagam pelo olhar
sombras honestas.
De súbitanau
vasto porto.
Águas desertas nascem
Morrem frutas sem viço.
Águas emaranhada
de limpeza extrema.
No meio da anonimato
No meio do anonimato, sou.
Um nome, três letras, outros poeta.
Nenhum lago é largo
se faltar o erre.
Pátina imaculada.
A frase emprenha, o poema nasce.
Sujo, talvez. Mas imprecisa.
A cada liame da voz
o selo da palavra.
Esmere o puro lavor: pare
Esmero e lume.
Para desconforto do leitor, escrevo.
Sombra.
Nada digo no poema sempre.
Em vão de vão em vão não vou.
Sou o verbo e seu barro.
Sujo.
Não procure em marços
os labirintos de abril
o mês do mais cruel poeta.
Todo labirinto tem teu êxtase.
Nada há a lograr no poema.
O tudo a lograr?
Noite ilustra sombras.
A palavra rosa dispensa o aroma.
O aroma é fardo de perfume.
É como lavrar um rio no mar
aportar poema no cais da página.
Sem a âncora confortável do leitor.
À cena anal.
O anel verbal.
A face visível lívida.
Trapos de vela sobraram.
Cera de círios. Cera de ícaro.
Sede de Narciso.
Ou aconchego que o frio nesse fornece.
Muito além do hermético
vá leitor sem amparo.
O município é a única verdade.
A poesia é um município.
De palavras.
A desfaçatez poética suprema
À vital corrosão do rato do verbo.