O grande poeta liquidou
com bom pesticida a palavra
(e sua lavoura de larvas e sílabas)
ao redor que degenera o verso
e torna mecânica lógica pó.
Mas são tantos diletantes
jovens ignorantes
a sacrificar a cinzas vazias
a endeusar trastes bursáteis
(a crer em ágios e bugigangas)
que desisto do poema
e me envileço
(ou me enjuízo em nacos de sentido).
O poeta permite
conhecer imaginativamente o mundo
porque detesta passividade
abrolhos de artifício, cóleras metálicas.
Às vezes visões cegam. Mas afiam.
O valor do poema não está no que diz
mas no modo de dizê-lo: forma.
Sereias deixaram de cantar. Se o fazem
só a mercadores. (Seus úteis ouvidores).
Todos fazemos o mesmo poema
à morte, eterno lacaio
branco alvo do poema.
Não adianta ser
é melhor dizer: prosa.