02
Sáb, Ago

destaques
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O grande poeta liquidou

com bom pesticida a palavra

(e sua lavoura de larvas e sílabas)

 

ao redor que degenera o verso

e torna mecânica lógica pó.

 

Mas são tantos  diletantes

jovens ignorantes

 

a sacrificar a cinzas vazias

a endeusar trastes bursáteis

(a crer em ágios e bugigangas)

 

que desisto do poema

e me envileço                 

(ou me enjuízo em nacos de sentido).

  

O poeta permite

conhecer imaginativamente o mundo

porque detesta passividade

abrolhos de artifício, cóleras metálicas.

 

Às vezes visões cegam. Mas afiam.

 

O valor do poema não está no que diz

mas no modo de dizê-lo: forma.

 

Sereias deixaram de cantar. Se o fazem

só a mercadores. (Seus úteis ouvidores).

 

Todos fazemos o mesmo poema

à morte, eterno lacaio

branco alvo do poema.

 

Não adianta ser

é melhor dizer: prosa.

 

 

Murilo Gun

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