Ao ébrio cérbero
O cão do inferno de cem cabeças insones
cuja cadeia é Indonésia
Ao homem, esse emissor de sêmen valente.
À eternidade, esgoto do tempo.
Ao tempo fatigado que escoa
pelo lento declive das horas cansadas desdobrando-
se
pelos ângulos da náusea.
Ao mistério das bíblicas serpentes desde Adão.
Ao pesadelo diáfano.
A espelhos que refletidos em outros enlouquecem
criando a ilusão de ser autônomo ou eterno.
Ao ilusório dom da vida sem valor.
Às indissolúveis serpentes do tempo.
À jararaca que vai devorar o Brasil
se não parar seu veneno
esmagar sua cabeça, destroçar suas presas atentas.
A oroboro, título do próximo livro de VCA
(lê-se também de trás pra frente,
contém 3 'os,' 2 'erres 'e um 'bê' central
cercado de oro como uma ilha de água por todos os
lados.
Poemas sobre paramentos do tempo cardeal
e relâmpagos em Galápagos.






