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Seg, Nov

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Insônia não tem úmero, sexo, data, forma, tempo

é estéril, indocumentada, insistente, pastosa

criada por ímpetos disfarçados de pesadelos

sai às pencas do naipe dos olhos.

Não há brecha ou tímpano que a impeça

Aloja-se na liça dos lumes, na órbita do globo

e no íntimo dos cristais cujo desejo

se devolve, sonolência, a caricia cristais

insônia habita âmbito de cálcio, aveia, tiaras

cardumes marítimos, ecos de búzios trêmulos ou

ávidos

insônia das ondas, conchas, ares marinhos

habita umbrais sem nome, cornijas da tarde, átrios

nada sacros, êmbolos, catracas, escombros

e vômitos da manhã, resiste a suor de infernos

 

a pipocas, pirulitos, relâmpagos (e dores de alfenim)

a cenas pornográficas, orgias e distúrbios

mesmo a eréteis disfunções resiste

sem contar piras semestrais, rotinas e ratos

a insônia é cívica, arquetípica, pútrida.

Além de irritável e indecorosa.

Murilo Gun

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