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Escrevo para quem? Não é para mim, pois detesto ler-me, desprezo o que escrevo, em poesia.

Não é para nenhum leitor, ao menos conscientemente, pois digo e redigo: e escrevo para completo desconforto do leitor, ele que se rale..., se me entender, me derrota. E nunca – em meus cerca de 30 livros – numa perdi, uma parada para leitor. Sei bem que a mediocridade poética organizada é poderosa, me excluiu, me esqueceu (graças a Deus, em quem neste caso creio). Eu é que me livrei desses medíocres.

 

O (qualquer) escritor deve só escrever para se compreender, nunca para ser compreendido. E o que faço desde sempre. Sei que o leitor existe e me lê ou não por mero acaso. E sempre fecha meu livro logo no início.

O poema, eu (VCA pessoa física) não o escrevo nunca. Meu ego é bem idiota, o mais ignaro dos seres de Freud.

Porém, no meu caso, o poema não vai se compondo por conta própria (de quem?), mas obedece ao acaso criador. E o acaso não tem a hipótese de leitor. Seria o poema a expressão literária de mim mesmo? Não. É algo mais fundo, mesmo idítico. E o VCA interior quem escreve. O poema vai se fazendo por ele mesmo (é a imaginaria em ação vital). Apenas registro no branco do papel e organismo – e numero ou não – as páginas. Nada mais. Nada menos. Este é o motivo pelo qual vendo livros ou exponho inocentemente em livrarias. São inocentes e perigosos, como diria Holderlin e Heidegger. Também por isso não tive o primeiro leitor total.

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Murilo Gun

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